Leonardo Stoffels
2 min readJul 17, 2021

7 anos do 7 a 1

Um dia triste para muitos, mas feliz para mim.

Semana passada completaram-se 7 anos do 7x1. Muita gente chorou nesse dia, mas eu não. Eu… ri! Sim, havia tantos memes que eu senti até orgulho de ser brasiliero. Acontece que o nosso povo é bom em essencialmente duas coisas: futebol e rir da própria desgraça.

Já virou costume. Todo político decepciona, todo ano a economia parece pior, todo ano a nossa gente parece mais corrupta, triste, ignorante e incapaz até mesmo de se indignar. A violência é tanta, a roubalheira é tanta, a desigualdade é tanta...que a única coisa que nos resta é cuspir na bandeira. O Nelson Rodrigues bem que dizia que o brasileiro sofre de um narcisismo às vezes, orgulha-se de odiar o próprio país.

Não sei se isso acontece só aqui. Há países muito piores como Haiti, Etiópia ou Afeganistão...não sei se há patriotismo ou narcisismo às avessas no terceiro mundo. Para falar a verdade, nunca sequer saí do Brasil, a não ser pra dar um pulinho na fronteira com Argentina, Paraguai e Uruguai. Mas o tempo que pisei nesses países não me deu uma visão sequer turística, que dirá sociológica.

Saber como pensa um povo diferente do nosso certamente não é uma tarefa muito difícil. É só morar fora. Digo, em outro país. Difícil mesmo é conseguir pensar como um estrangeiro. Será que se eu morar anos na Austrália consigo me “converter” e pensar como um australiano? É possível. Não abandonamos as raízes, mas podemos florescer em outras direções. Se nas religiões há católicos que se tornam umbandas, cristãos que se tornam espíritas, islãs que se tornam hindus, por que não se poderia dizer que um brasileiro se tornou australiano?

Ou que um australiano se tornou brasileiro? Digo no bom sentido, pois não podemos esquecer que há coisas boas entre nós. Mesmo que nem todos partilham do estereótipo do povo brazuca, carismático,acolhedor e festivo, isso não deixa de ser algo a ser cultivado. Estereótipos existem por uma razão, ainda que não determinem absolutamente nada. Afinal, também não se pode dizer que todo japonês é educado, que todo britânico é elegante e que todo italiano é passional, mas todos esses povos tem algo interessante de que se orgulhar, e algo para a gente se espelhar. Por outro lado, se o australiano em questão receber de presente para si o que temos de pior… bem, prefiro nem comentar, apenas lamentar.

Então, eu reafirmo a importância 7 a 1. A zoeira pode ser o traço mais característico de nossa identidade agora, mas então que seja algo para se orgulhar, pois de vergonha já estamos todos de saco cheio!

Leonardo Stoffels

Estudante de psicologia; trágico,neurótico e paranoico, mas gente boa…ou não!